Evandro Bento Rodrigues, estudante de biomedicina, participou do treinamento

Quantas vezes já precisamos pesquisar/estudar sobre uma doença e nos deparamos com termos técnicos que não entendíamos, ou então assuntos os quais somos leigos? Para falar de uma forma que fosse fácil o entendimento do assunto, Felipe Carlos Brito de Souza, Farmacêutico – Bioquímico, Analista de Hematologia e Hemoterapia, e responsável técnico pelo laboratório de HLA da Fundação Hemominas, realizou na sexta-feira (02/06) uma palestra sobre Antígeno Lecoucitário Humano (HLA). O tema foi abordado por Felipe de uma forma diferente. Ele associou HLA com o aplicativo brasileiro de relacionamentos, Tinder, e o classificou como o “Tinder Genético”.

A escolha do nome dado à apresentação faz uma referência ao aplicativo digital que possibilita o encontro de pessoas que, na maioria das vezes, estão à procura de um relacionamento amoroso. O uso do aplicativo favorece ao usuário o acesso a várias opções de parceiros potenciais de acordo com o perfil e as preferências de cada pessoa. Caso algum deles seja considerado interessante, é possível dar um “match” que significa que o usuário aprovou aquele candidato ou, em outras palavras, que aquele pode ser seu par ideal.

Usando termos comuns no aplicativo, Felipe mostrou quais as dificuldades para encontrar pessoas doadoras de medula óssea que sejam compatíveis com o paciente que precisa da doação. “Para quem está precisando de doação e para quem doa há um longo caminho a percorrer”, disse o palestrante.

Felipe relatou como a falta de informação sobre HLA pode afetar a doação de medula. “O tema não é muito popular, nem mesmo é corriqueiramente abordado nas grades curriculares das universidades, dado que está na interfase entre a Genética e a Imunologia. Muitas pessoas chegam ao Laboratório de Histocompatibilidade da Fundação Hemominas e pensam que passarão por um processo doloroso e complicado para a doação de medula. Entretanto, o exame é simples, com apenas a coleta de um tubo de 4,5 ml de sangue periférico, similar a um exame convencional de sangue. Quando o candidato à doação conhece esse processo, fica mais fácil a conscientização e quando compatível este for, facilita também a efetivação da doação de medula”, destacou.

Ele acredita que palestras como essas são importantes para o conhecimento e divulgação do processo de doação de medula. “Este tipo de palestra se faz importante pois aproxima as pessoas aos processos do hemocentro, fazendo com que tenhamos cada vez mais gente envolvida e conhecedora dos desafios de produzir tecnologia em saúde, com qualidade. Além disso, mostrar a complexidade do processo de encontrar um doador de medula óssea fora da família do receptor, ou seja, sem parentesco com o paciente”, concluiu Felipe.

HLA

HLA (Antígenos Leucocitários Humanos) são proteínas genéticas específicas da espécie humana que são capazes de identificar organismos estranhos ao corpo. A identificação destes organismos estranhos pode definir, por meio de testes em laboratório, se as pessoas são compatíveis entre si ou não para a doação de medula óssea. Devido ao “Estímulo Imune” o corpo identifica a presença de algo estranho e produz anticorpos que o combatem. Por isso é necessário que o doador de medula óssea seja compatível com a pessoa que receberá a doação.

De acordo com Felipe Brito, apenas 1 a cada 100 mil pessoas é compatível. Desta forma, as possibilidades de encontrar dois indivíduos que possam ser considerados um “match” genético é bastante rara. Por esse motivo, é necessário o aumento do número de candidatos à doação de sangue para que desta forma seja possível o crescimento dos índices de pacientes transplantados.

A palestra foi realizada no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte e contou com a participação de 30 pessoas, dentre elas estudantes de biomedicina, como é o caso de Evandro Bento Rodrigues, 39 anos, aluno do sétimo período do curso na FAMINAS. “Essa área da biologia molecular é uma área que está crescendo muito, pois o sistema de HLA não é muito conhecido pela população”, disse.

O estudante considerou a palestra de extrema importância para a sua formação. “Através da palestra tive a possibilidade de me desenvolver nessa área, já que sou microbiologista. Me interessa muito, já que essa é uma área em que quero ter mais conhecimento. É um assunto que eu não dominava, passei a dominar, e quero aprender ainda mais”, afirmou o estudante. “Aprendi também que muitas vezes achamos que a doação é um processo muito simples, porém encontrar um doador compatível pode não ser tão fácil”, completou.

“Acredito que as pessoas que participaram podem se tornar multiplicadores das informações que foram repassadas, principalmente aquelas relativas aos procedimentos de doação e de busca de compatíveis, além da dificuldade de se encontrar um doador e a importância de se cadastrar e manter o cadastro atualizado”, disse o palestrante Felipe Carlos Brito de Souza.

Ao ser questionado sobre alguma melhoria nos estudos de HLA, o palestrante disse acreditar que o tema poderia ser melhor visibilizado nacionalmente, “Os estudos sobre HLA estão melhorando muito graças às melhorias nas técnicas de análise devido ao avanço tecnológico. No entanto, muitas das bases de dados genéticos utilizadas para os estudos ainda são de bancos de informação internacionais. Assim sendo, precisamos robustecer nossas bases de dados genéticas e na organização e acesso a elas, a fim de subsidiar estudos com as populações brasileiras”, concluiu Felipe.

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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