Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (23), o Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, esteve no Hemocentro de Belo Horizonte para conhecer um novo processo que está sendo implementado na Fundação Hemominas. Trata-se da Técnica de Inativação de Patógenos (TRP), um método que reduz a transmissão de doenças via transfusão de sangue.

O secretário foi recebido pela presidente da Hemominas, Júnia Cioffi; pela diretora técnico-científica, Maísa Ribeiro, e pela coordenadora do Hemocentro de Belo Horizonte, Priscila Rodrigues.

“É um grande prazer estar aqui na Hemominas conhecendo esta nova etapa no processo de preparação dos hemocomponentes. Esta é uma técnica inovadora e pioneira no Brasil, que vai trazer mais segurança no processo transfusional. Com certeza, o mineiro pode continuar se orgulhando em receber hemocomponentes de excelente qualidade”, destacou o secretário. Baccheretti fez questão de parabenizar todos os servidores que participaram do processo.

Em seguida, a presidente da Hemominas explicou o funcionamento do processo de inativação de patógenos. “É uma metodologia que veio proteger, principalmente, aqueles componentes do sangue que são plasmáticos, especificamente os concentrados de plaquetas, usados em pacientes que têm distúrbios de coagulação, fazem tratamento quimioterápico ou são transplantados. O que esse processo faz é um tratamento dessas plaquetas, para inativar os patógenos, vírus e bactérias que não são triados pelos testes sorológicos e de biologia molecular”, detalhou Júnia Cioffi.

O processo para a inativação dos patógenos prevê a inclusão de um produto químico na bolsa de plaquetas, a qual passa por um equipamento que vai inativar essas células. Depois, o produto é retirado de forma adequada e, finalmente, as plaquetas estão prontas para uso.

“Essa técnica permite anular a transmissão de doenças como a dengue, Zika, Chikungunya, malária e febre amarela que, eventualmente, poderiam ser transmitidas numa transfusão, mesmo com todos os cuidados que a Hemominas já mantém. Com essa inativação, o potencial risco de reação que os pacientes possam ter é zerado”, confirmou a presidente.

Júnia Cioffi acrescentou que no caso dos pacientes com câncer, transplantados e recém-nascidos, é possível um ganho enorme com a inativação, também, do citomegalovirus (conhecido também pela sigla CMV, é um vírus da família do herpes). Apesar de não ser muito conhecido, o vírus é extremamente comum, sendo que 80% da população já teve contato com ele. “O doador de sangue, mesmo não tendo infecção, é passível de transmiti-lo. Agora, esses pacientes estão completamente protegidos com essa técnica”, comemorou.

Expansão

Inicialmente, o processamento está sendo feito somente na região metropolitana da capital, lembrando que o Hemocentro de Belo Horizonte já centraliza as bolsas de sangue de várias unidades do estado. “A proposta é, futuramente, ampliar esse processamento para outras unidades, mas como trabalhamos em rede, logicamente esses hemocomponentes também vão chegar a pacientes que possam precisar nas unidades regionais”, completou Júnia Cioffi.

A presidente da Hemominas agradeceu ao Governo Estadual e à Secretaria de Estado de Saúde que se sensibilizaram quanto à importância dessa inovação para a saúde pública, investindo cerca de R$5 milhões na implementação do projeto. Ela destacou, ainda, que todo esse processo só pode ser realizado com a solidariedade dos cidadãos mineiros para a doação de sangue: “Atualmente estamos com os estoques razoáveis, com necessidade de comparecimento de doadores dos grupos O positivo e A positivo e todos os demais negativos”, lembrou.

Antes da coletiva, o secretário Fábio Baccheretti fez um tour pelo Hemocentro de Belo Horizonte e conheceu as instalações do Laboratório de Fracionamento, onde ocorre o processo da separação dos hemocomponentes.

Saiba mais

A Técnica de Inativação de Patógenos (TRP) inibe os agentes infecciosos no sangue antes da transfusão - Foto: Adair Gomez

A Fundação Hemominas está implantando a Técnica de Inativação de Patógenos (TRP), que inibe os agentes infecciosos no sangue antes da transfusão, no intuito de aperfeiçoar a segurança transfusional, em face da ameaça real e constante de novos agentes infecciosos, além de bactérias e outros germes para os quais não existem testes laboratoriais

Utilizada em países como Suíça, França, Bélgica, que usam a TRP em 100% da sua produção de concentrados de plaquetas, a técnica aumenta a segurança da transfusão, principalmente em relação à mais comum reação transfusional de plaquetas -  a transmissão de bactérias -, que pode ser fatal, especialmente em pacientes imunossuprimidos. Entre eles, aqueles que recebem tratamento quimioterápico ou transplante de medula óssea. Essa técnica foi aprovada para uso em toda a Europa em 2002; nos Estados Unidos, foi aprovada pelo FDA em 2014, e no Canadá, em 2018.

Com a inovação, a Fundação Hemominas é o único serviço público do Brasil a adotar o método, que permitirá a redução da transmissão bacteriana e também a inativação de agentes endêmicos, tais como: coronavírus, dengue, Zika, Chikungunya, malária e febre amarela.  A inativação de patógenos, além de melhorar a qualidade do processo transfusional, vai impactar o aproveitamento dos estoques de plaquetas e aumentar de cinco para sete dias a vida útil desse produto.

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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