Sandra Issida - pesdiente da Associação Mineira do AVC

Palestra proferida nessa terça-feira (22) pela presidente da Associação Mineira do AVC, Sandra Issida, no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), encontrou um dos públicos mais atentos: cerca de 30 pacientes do ambulatório do HBH, portadores de doença falciforme, mal que já os predispõe à ocorrência de Acidente Vascular Cerebral (AVC), além dos profissionais que atuam no atendimento multidisciplinar e outros servidores interessados no tema.

O evento remete ao Dia Mundial do AVC, 29 de outubro, e em sua fala Issida relatou sua experiência pessoal com a doença – o marido teve um diagnóstico errado, provocando sequelas irreparáveis que poderiam ser evitadas, caso as pessoas próximas tivessem mais conhecimento a respeito. Daí, sua preocupação em conscientizar a população sobre os sintomas do Acidente Vascular Cerebral/Encefálico e a necessidade de atendimento imediato, fato que a levou e a Renato Mariz a criarem a Associação em 2011.

Popularmente conhecido como derrame, o AVC ocorre quando o suprimento sanguíneo é reduzido ou bloqueado ou ocorre o extravasamento do sangue, podendo causar perda súbita da função neurológica e ocasionando lesões cerebrais que podem ser pequenas, severas, temporárias ou permanentes. Há dois tipos de AVC: o isquêmico, mais comum, ocorre quando um vaso sanguíneo que irriga o cérebro é bloqueado; o AVC hemorrágico, quando há ruptura de um vaso sanguíneo dentro ou ao redor do cérebro.

Referindo-se à identificação dos sintomas, Sandra destacou as seguintes ocorrências a se observar: perda de forças nos braços ou pernas; face paralisada ou torta em um dos lados; dor de cabeça súbita e vômito; fala confusa e enrolada. Em seguida, ao que ela chama de “hora de ouro”, orientou que em caso de suspeita de AVC, deve-se correr para o hospital – o AVC é uma emergência e seu atendimento deve ser prioritário: se os sintomas forem reconhecidos rapidamente, existe a possibilidade de tratamento. Outra recomendação é não oferecer alimentos nem medicamentos – a deglutição pode estar comprometida e o paciente sufocar, com risco de óbito.

Como prevenção, Sandra Issida pontua medidas simples que podem ajudar a reduzir os riscos de AVC. Entre elas, controlar a hipertensão arterial com consultas regulares a médicos, evitar o sedentarismo, ter uma dieta saudável e balanceada, tratar da diabete, evitar o tabagismo e abuso de bebida alcoólica, bem como combater a obesidade, controlar as taxas de colesterol e triglicérides.

As consequências do AVC vão desde a diminuição da perda de movimento ou sensibilidade, até a impotência sexual, alterações da memória, depressão e morte, entre outras.

Dra. Maria Célia Silva: orientando pacientes quanto a um melhor cuidado - Fotos: Divulgação Hemomina
Dra. Maria Célia Silva: orientando pacientes quanto a um melhor cuidado - Fotos: Divulgação Hemomina

Atenção aos falciformes

Cerca de 7 mil e 500 pacientes atendidos pelas unidades da Fundação Hemominas na capital e interior do estado são portadores de doença falciforme, uma das alterações genéticas mais frequentes no Brasil. Caraterizada pela presença de um tipo alterado de hemoglobina no sangue, ela se manifesta de diversas formas, entre as quais se destacam: anemia crônica e icterícia, crises de dor, infecções, acidente vascular isquêmico nas crianças e adolescentes e úlcera de perna.

A obstrução dos vasos sanguíneos e consequente restrição no fluxo de sangue, crises de dor e alteração em vários órgãos do corpo são complicações comuns na doença falciforme. Quando os vasos do cérebro são atingidos, um dos agravos é o AVC isquêmico, que pode levar a sequelas neurológicas graves e até à morte.

Segundo a hematopediatra do HBH, doutora Célia Maria Silva, a prevenção do AVC nos pacientes falciformes se dá com o exame de doppler transcraniano (exame de ultrassom que mede a velocidade do sangue nas principais artérias do órgão e capaz de detectar o risco de ocorrência do AVC), tratamentos feitos com hidroxiureia (medicamento que conduz à melhora clínica e hematológica pela redução da incidência de episódios vaso-oclusivos) e transfusões.

Outras medidas preventivas incluem: manter avaliação de rotina na unidade básica de saúde de referência para que outros aspectos sejam acompanhados (como vacinação, hipertensão arterial, diabetes, nutrição etc.); manter a avaliação regular com a equipe multiprofissional no hemocentro em que faz o tratamento e participar dos programas de tratamento recomendados pela equipe.

Qualidade de vida

Paciente Roseli Gonçalves , paciente falciforme
Roseli Gonçalves: "Nota 1000 para a Hemominas pelo atendimento que tenho no HBH" - Fotos: Divulgação Hemominas

Para Roseli Pereira Gonçalves, portadora de anemia falciforme e paciente do HBH desde 2016, a palestra foi muito proveitosa: “Não sabia quase nada sobre AVC, seus sintomas, prevenção, e ter mais informações a respeito é fundamental, principalmente no meu caso. Entendi que AVC não é uma dorzinha que é só a gente tomar um remedinho e passa: tem que correr pro hospital mesmo”.

E conclui: “Os médicos dizem que sobrevivi até hoje por sorte – tinha mais de 50 anos quando descobri a doença, que foi identificada no PAM Sagrada Família, há apenas dois anos. Encaminhada à Hemominas, onde faço acompanhamento fisioterápico e hematológico – as pernas doem muito e tenho um quadro avançado de necrose no quadril –, só tenho a agradecer ao HBH, onde sou muito bem tratada pelos médicos e funcionários. A minha qualidade de de vida melhorou muito – antes, vivia quase o tempo todo no hospital”.

O fisioterapeuta Eder Luciano Vaz dos Santos foi outro a apreciar a palestra: “As questões levantadas pelos pacientes me alertaram quanto a reconhecer e respeitar os nossos limites enquanto profissionais, contribuindo para uma melhor abordagem e atendimento a eles”.

Por sua vez, a também fisioterapeuta, Luciana Ultramari, considera que trazer ao paciente informações sobre sua condição de saúde e os cuidados que devem ter é de vital importância: “O paciente é o principal responsável pelo seu tratamento e a consciência disso, com a adesão aos procedimentos necessários, melhora grandemente sua qualidade de vida, contribuindo para reduzir os riscos de sequelas que ele pode ter por causa da anemia falciforme”.

Outra participante da palestra foi a psicóloga do ambulatório do HBH, Alice Oliver.

 

Participantes da palestra no HBH - Fotos: Divulgação Hemominas

AVC: é bom saber

  • Chegando até 1h após identificar os sintomas: de cada duas pessoas, uma fica sem sequelas.
  • Chegando até 3h após identificar os sintomas: de cada sete pessoas, uma fica sem sequelas.
  • Chegando até 4h30 após identificar os sintomas: de cada 14 pessoas, uma fica sem sequelas.
Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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