A graduanda de Biomedicina Jéssica Alves de Almeida apresentou projeto de pesquisa sobre o tema: Diagnóstico precoce de doença renal contribui para qualidade de vida de pacientes falciformes.

“Prevalência e fatores de risco de hiperfiltração glomerular, microalbuminúria e proteinúria em crianças com anemia falciforme, acompanhadas na Fundação Hemominas”. Este o projeto de pesquisa apresentadopor Jéssica Alves de Almeida, graduanda do curso de Biomedicina na Faculdade de Minas (Faminas BH) e bolsista de Iniciação Científica da Fundação Hemominas, cujo foco é avaliar a ocorrência de problemas renais (nefropatia falciforme) em crianças com anemia falciforme.–.

A incidência da anemia falciforme em Minas Gerais, caracterizada pela homozigose da hemoglobina anormal Hb S, é 1 a cada 1.400 nascimentos. Entre as complicações que a doença provoca estão aanemia, atraso no crescimento, crises de dor, acidente vascular cerebral, retinopatias, úlceras nas pernas, nefropatia crônica e síndrome torácica aguda.

A nefropatia falciforme é uma manifestação clínica que agrava o quadro, trazendo graves consequências aos pacientes na vida adulta. A doença renal contribui substancialmente para a diminuição da expectativa de vida dos pacientes com anemia falciforme, representando 16 a 18% da mortalidade. Os primeiros sinais de doença renal em crianças com anemia falciforme são a hiperfiltração glomerular (fenômeno caracterizado pelo aumento da taxa de filtração glomerular), microalbuminúria (excreção urinária de quantidades pequenas de albumina) e proteinúria (perda excessiva de proteínas através da urina).

Envolvendo 480 crianças com anemia falciforme diagnosticadas pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG), nascidas entre1998 e 2014 e acompanhadas no Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), o projeto está em desenvolvimento há mais de um ano e prossegue até 2020. O objetivo geral é descrever a história natural da nefropatia falciforme por meio do reconhecimento da hiperfiltração glomerular, microalbuminúria e proteinúria em pacientes pediátricos com anemia falciforme, além de avaliar a eficácia, utilidade e segurança do uso de hidroxiureia e enalapril na prevenção e tratamento da doença. Além disso, pretende-se estabelecer os fatores de risco da nefropatia falciforme, bem como possíveis fatores preditivos.

Implicações e impacto do projeto

O pesquisador André Belisário destaca o alcance da pesquisa: “A abordagem terapêutica das crianças com doença falciforme que apresentam microalbuminúria e proteinúria é um desafio e precisa ser estabelecida. É de fundamental importância que se estabeleça uma forma de intervenção para prevenir a progressão para doença renal crônica. Os resultados preliminares sobre os efeitos potenciais da hidroxiureia e dos inibidores da enzima conversora de angiotensina precisam ser confirmados em ensaios clínicos randomizados, e isso é justamente um dos objetivos do projeto. Além disso, a descoberta de um biomarcador efetivo de predição ou prognóstico da nefropatia falciforme pode ter um impacto clínico direto na abordagem da doença, pois ajudaria os médicos a detectarem os pacientes com doença falciforme e com alto risco de desenvolverem nefropatia falciforme. Assim, os pacientes poderiam receber medidas preventivas antes da ocorrência de desfechos graves, como a doença renal crônica, e, consequentemente, reduzir a incidência, a morbidade e mortalidade relacionada à nefropatia falciforme.”

Na atualidade, o projeto está na fase de se recolher amostras de urina dos pacientes, bem como os respectivos termos de consentimento para as pesquisa e análises laboratoriais.

Parceria

Apresentado no início de outubro, no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), para uma plateia composta por pesquisadores da Fundação, bolsistas e funcionários, o projeto teve como orientadoresAndré Rolim Belisário, pesquisador do Cetebio, e o professor Marcos Borato Viana, da UFMG.

Para a responsável pela Gerência Técnico-Científica da Fundação, a pesquisadoraMarina Lobato Martins, a participação de instituições parceiras em algumas das mais de 100 pesquisas em curso na Hemominas é de fundamental importância: “Estudos como esse, em parceria com a UFMG, podem ter aplicabilidade futura, influindo diretamente na qualidade de vida das pessoas, além de consolidar a instituição como promotora e indutora de conhecimento e inovação para gerar saúde com eficiência e qualidade”, afirma.

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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