Cetebio - 5 anos de instalação em Lagoa Santaa

Com a concepção de ser o maior centro público integrado de células e tecidos biológicos da América Latina e o primeiro do Brasil, a Fundação Hemominas comemora, neste mês de abril, cinco anos de funcionamento do Centro de Tecidos Biológicos de Minas Gerais – Cetebio, instalado no município de Lagoa Santa.

O Centro, cujas edificações e infraestrutura foram especialmente projetadas, seguindo as diretrizes técnicas e legais do Ministério da Saúde e Anvisa,  nasceu com o propósito de dotar a saúde pública do estado de Minas Gerais com procedimentos de alta complexidade, por meio da captação, seleção, coleta, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos e materiais biológicos seguros e de alta qualidade técnica, retirados de doadores vivos e não vivos, tendo em vista a realização de transplantes e enxertias.

Na atualidade, com o concurso de parcerias em níveis de União, Estado e Município, dos sete bancos previstos, dois estão em pleno funcionamento: o de Medula Óssea (BMO) e o de Cordão Umbilical (BSCUP), que compõem o hoje denominado Centro de Processamento Celular pela legislação federal. Estes bancos atuam com o material biológico utilizado no tratamento de pacientes portadores de doenças hematológicas, imunodeficiências, alguns tumores sólidos dentre outras.

A implantação dos demais bancos - Pele, Membrana Amniótica, Tecidos Musculoesqueléticos, Tecidos Cardiovasculares e Sangues Raros - depende da disponibilização da infraestrutura mínima necessária exigida pela legislação, sem a qual não é possível iniciar as atividades, dos insumos adequados para estes bancos especificamente e, no caso do Banco de Sangues Raros, da aquisição de insumos ainda não disponíveis no Brasil.

Além dos benefícios sociais, a implantação do BMO e BSCUP traz impactos altamente positivos: aumento do número de transplantes de medula óssea em Minas Gerais, redução do custo para o estado (anteriormente a criopreservação era terceirizada, realizada no Espírito Santo, a um custo quatro vezes maior), diminuição do tempo de espera para os pacientes.

O convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) viabilizou a aquisição de parte dos equipamentos e treinamento da equipe, sendo que outros foram adquiridos através da Fundação do Câncer e BNDES, responsáveis pela montagem dos bancos da rede pública de bancos de sangue de cordão umbilical e placentário no país, a Rede BrasilCord.

 

BMO: implantação contribuiu para o aumento do número de transplantes em Minas

Tanque de nitrogênio onde se armazenam as células para o transplante de medula – Foto: Adair Gomez
Tanque de nitrogênio onde se armazenam as células para o transplante de medula – Foto: Adair Gomez

Primeiro banco a funcionar, o Banco de Medula Óssea (BMO) é responsável pela realização do processamento e armazenamento do material biológico para os transplantes autólogos, em que são utilizadas as células do próprio paciente. As células tronco hematopoéticas são coletadas pelo setor de Aférese do Hemocentro de Belo Horizonte ou pelo próprio centro transplantador. O Cetebio recebe o produto, analisa, prepara e criopreserva a bolsa que é infundida no paciente pelos próprios hospitais conveniados.

No primeiro ano de funcionamento, em 2013, o BMO, instalado inicialmente no Centro de Especialidades Médicas até a conclusão das obras do Cetebio em Lagoa Santa, foi responsável pela criopreservação de células progenitoras hematopoéticas para 12 pacientes, armazenadas em 59 bolsas. Com desempenho crescente, o número de pacientes atendidos chegará neste mês de abril a um total de 700 pacientes, com mais de 1.600 bolsas criopreservadas.

A atuação do Banco de Medula Óssea foi responsável por um importante reposicionamento de Minas Gerais no cenário nacional, no que se refere ao transplante de medula óssea. Entre as Instituições conveniadas estão a Santa Casa de Misericórdia, Hospital das Clínicas/UFMG, Hospital Luxemburgo/Associação Mário Penna, Hospital Felício Rocho e Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, e o Hospital Santa Genoveva em Uberlândia. Outros contratos estão em perspectiva como a Santa Casa/Montes Claros e a Fundação Cristiano Varella, em Muriaé.

Bioarquivo - onde se congela e armazena o sangue do cordão umbilical – Foto Adair Gomez
Bioarquivo - onde se congela e armazena o sangue do cordão umbilical – Foto Adair Gomez
BSCUP

Integrante da Rede BrasilCord, rede brasileira de Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP), o BSCUP do Cetebio/Fundação Hemominas começou a operar para uso clínico em 2016, com a conclusão da validação e disponibilização dos serviços para a população. O serviço é responsável pelos processos de obtenção, realização dos exames laboratoriais, processamento, armazenamento e fornecimento de células progenitoras hematopoéticas (CPH) de sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) para uso terapêutico, em qualquer paciente que dele necessite. Os custos dos bancos públicos são cobertos pelo SUS.

Partindo de doações voluntárias e com o consentimento materno expresso, a coleta desse sangue, rico em células progenitoras hematopoéticas, é indolor e segura, não trazendo prejuízos à saúde da mãe ou do bebê. Para a retirada do sangue de cordão, a Fundação Hemominas mantém convênio com o Hospital Sofia Feldman, que faz cerca de mil partos/mês, onde há uma equipe permanente de plantão para retirar o tecido.

 Banco de Pele (BP)

Com o Banco de Pele será possível instituir estoque e disponibilizar pele alógena para enxertia em pacientes com queimaduras de alto grau, feridas e outros traumas, visando à melhora de suas condições clínicas. Estima-se que duas mil pessoas faleçam no Brasil todos os anos em decorrência de queimaduras. Além de diminuir o risco de infecções, o transplante ou enxerto de pele evita a desidratação, ajuda na cicatrização de feridas e alivia a dor. “Por isso, é importante que as pessoas se sensibilizem para a causa da doação de tecidos, no caso, de pele”, enfatiza a coordenadora do Cetebio, Márcia Salomão Libânio.

O Brasil possui, atualmente bancos de pele localizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná, porém com produção insuficiente para atender a demanda nacional. “E uma opção terapêutica - as peles sintéticas ou artificiais - são caríssimas e inacessíveis para tratamento pelo Sistema Único de Saúde”, informa a doutora Márcia.

Para doar, a pessoa deve ter sofrido morte encefálica ou parada cardiorrespiratória.  As doações são medidas por centímetro quadrado. O material é coletado e examinado, para descartar doenças e contaminações. Após a coleta, o material é analisado, processado e armazenado adequadamente para disponibilização sob demanda.

Um receio por parte dos doadores ou familiares é infundado: a doação de pele não desfigura a aparência do doador. Com um equipamento cirúrgico especial, são retiradas finas camadas de pele (cerca de 1,5 mm), de áreas estrategicamente selecionadas, como a região das costas, coxas anteriores e posteriores e pernas posteriores, que não serão visíveis nos doadores. Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos e tecidos, desde que não seja portadora de doenças transmissíveis, infecções graves e de câncer generalizado. E o gesto pode ajudar a salvar vítimas de queimaduras e acidentes.

 
Laboratórios do Cetebio:
Laboratórios do Cetebio: procedimentos de alta complexidade, por meio da captação, seleção, coleta, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos e materiais biológicos seguros e de alta qualidade técnica - Foto: Adair Gomez

Banco de Membrana Amniótica (BMA)

Com propriedades antiadesiva, antibacteriana, proteção da ferida, redução da dor, reepitelização, não induzindo à rejeição imunológica após o transplante, a membrana amniótica é utilizada no tratamento de patologias em Oftalmologia e Cirurgia Plástica, entre outras especialidades.

Conforme explica a doutora Márcia Salomão Libânio, a membrana amniótica é uma parte da placenta, “material excelente usado em pacientes com queimaduras e também em outras especialidades médicas, sendo que uma doação pode permitir o atendimento de até 30 pacientes em oftalmologia, já que são necessários fragmentos pequenos. A captação deste tecido, que é geralmente descartado logo após o parto, pode trazer grandes benefícios para muitos pacientes”, salienta. Ela é retirada de doadores vivos (parturientes) e de fácil obtenção.

As indicações da membrana em Oftalmologia incluem queimaduras, ceratopatia bolhosa, defeitos epiteliais persistentes, pterígio recidivado, síndrome de Stevens-Johnsons, penfigóide cicatricial, reconstrução de fundo de saco.

Na cirurgia plástica, é aplicada em queimados e cirurgia reparadora e, em comparação a outras opções terapêuticas, alivia a dor e contribui para a antecipação da alta hospitalar.

Na odontologia, pode ser usada na cirurgia maxilofacial – membrana semipermeável; pode ser usada também na prevenção de adesão tecidual em cirurgias da cabeça, abdome, pélvis, vagina e laringe.

Os processos de implantação do BP e BMA estão em andamento, sob a responsabilidade do cirurgião plástico Dr. Rodrigo Pimenta Sizenando, incluindo etapas como elaboração dos protocolos, teste de captação, processamento e armazenamento e validação do Banco.

Os Bancos de Pele (BP) e de Membrana Amniótica (BMA) irão trazer benefícios de ordem social e financeira, com impacto na redução da mortalidade, diminuição do tempo de internação hospitalar, redução do custo de tratamento do paciente no caso de pacientes com queimaduras graves e outras patologias passíveis de tratamento com membrana amniótica.

Cetebio - equipe técnica multidisciplinar altamente especializada: da direita para esquerda: Thiago Batista,Maria Lúcia Souza, Márcia Salomão, Paula Machado, Karen Lima, Júnior Rocha Souza, André Cotofski, Alan Eliezer, Cláudia Lopes,Nathalia Cruz e Marina Brito - Foto: Adair Gomez
Cetebio - equipe técnica multidisciplinar altamente especializada - da esquerda para a direita: Ana Paula Funes, Nathalia Gomide, Cláudia Lopes, Alan Eliezer, André Cotofsky, Felipe Teixeira, Karen Prata, Paula Machado, Márcia Salomão, Maria Lúcia Souza e Thiago Batista - Foto: Adair Gomez

Sala limpa: Bancos de Pele e Membrana Amniótica

Para que esses bancos de tecidos possam entrar em operação, é imprescindível a disponibilização da infraestrutura física mínima necessária exigida pela legislação com a construção da chamada “sala limpa”, especial, própria para o processamento dos tecidos, cuja construção está a cargo do Departamento de Estradas de Rodagem e Edificações (DEER), com recursos orçamentários já alocados.

A coordenadora da unidade, Dra. Márcia Salomão Libânio, esclarece que o Cetebio exige um olhar diferenciado sobre a capacitação de servidores, bem como sobre a aquisição e manutenção de equipamentos ou insumos e, mesmo, em relação ao horário de funcionamento. “O Banco de Pele, por exemplo, tem a obrigatoriedade legal de funcionamento ininterrupto, e a equipe do Cetebio deve estar sempre disponível – nunca se sabe quando haverá uma doação. Em relação aos bancos já em funcionamento, o sistema de alarme é ligado aos principais equipamentos, inclusive de armazenamento do material biológico, emitindo alerta a distância quando algum sai dos parâmetros de temperatura. Exige plantão técnico e do setor de Manutenção de Equipamentos da Fundação (MEQ) para resolver o problema no ato, pois a energia não pode cair de forma alguma, sob pena de comprometer e perder insumos e material biológico (bolsas de medula)”, destaca.

Além dos profissionais médicos, o Cetebio conta com uma equipe técnica multidisciplinar altamente especializada e diferenciada que inclui enfermeiros, biólogos, uma farmacêutica-bioquímica e uma biomédica, com vários treinamentos realizados no Brasil e no exterior, além de técnicos de patologia, profissionais de apoio e equipe administrativa de qualidade, com grande experiência e envolvimento com a causa de salvar vidas.

 

 

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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