O melhor remédio, sem dúvida, é a prevenção. Que, no caso da febre amarela, é a vacina. Mas, quando a doença se instala, é preciso cuidado e, às vezes, internação nas ocorrências mais graves.

Segundo esclarece o diretor técnico-científico da Fundação Hemominas, doutor Fernando Basques, a febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda transmitida por mosquitos infectados. Caracteriza-se por um período de incubação que dura de 3 a 6 dias e é seguido pela fase de viremia, que dura de três a quatro dias, quando o paciente apresenta um quadro inicial de febre alta, cefaleia, mal-estar generalizado, fotofobia, artralgia, mialgia, náuseas, vômitos, agitação, irritabilidade, tonturas, hiporexia (diminuição ou perda do apetite), epigastralgia (dor na região do estômago).

Alguns indivíduos infectados não apresentam quaisquer sintomas. Outros desenvolvem também uma segunda fase da doença, mais grave, dentro de 24 a 48 horas, após a recuperação dos sintomas iniciais, ou seja, no terceiro ao sexto dia após o início da infecção. Esses pacientes apresentam retorno da febre, prostração, náuseas, vômitos, dor epigástrica, icterícia, oligúria (diminuição ou ausência da produção de urina) e hemorragias. Esta fase é caracterizada por uma intensa resposta inflamatória, podendo comprometer múltiplos órgãos, em especial fígado e rins. Também é nesta fase que se observam quadros hemorrágicos, tais como: sangramento do trato gastrointestinal e sangramentos cutâneo-mucosos (pelo nariz e gengivas), como consequência dos distúrbios de coagulação.

Tais distúrbios estão relacionados à redução da produção dos fatores da coagulação pelo fígado comprometido e pela redução do número de plaquetas (plaquetopenia). Infelizmente, metade dos doentes que apresentam esta fase de toxemia evolui, em um período de 7 a 10 dias, para o óbito, quase sempre causado por insuficiência hepática e/ou hemorragias.

Tratamento – a importância da doação

Não há, atualmente, nenhum medicamento antiviral específico contra a febre amarela. O tratamento consiste em hidratação, controle da febre e da dor, lembrando que a febre amarela é uma doença dinâmica, com possibilidade de piora importante em período de horas ou dias.

E por que o sangue é fundamental no tratamento de suporte da doença?

Os pacientes que evoluem para a segunda fase da doença, mais graves, devem receber um bom atendimento em ambiente hospitalar, e a transfusão de sangue (hemocomponentes como plasma, crioprecipitado, plaquetas e hemácias) é um dos principais suportes deste tratamento, visando à melhora dos quadros hemorrágicos.

O suporte transfusional (ou hemoterápico) está indicado para a reposição dos fatores de coagulação, para elevação do número de plaquetas e para correção da anemia. E para que os pacientes graves recebam um adequado suporte hemoterápico é preciso que haja sangue suficiente nos hemocentros e, para tanto, é fundamental que haja doadores.

Segurança transfusional e vacina

A vacina é composta pelo vírus vivo atenuado da febre amarela. O prazo exigido entre a vacinação e a doação de sangue - 30 dias - visa a proteger o receptor de transfusão (o doente, quase sempre um indivíduo com comprometimento do seu sistema imunológico), evitando que o mesmo contraia a doença pelo vírus vacinal durante a transfusão. A isso denomina-se segurança transfusional.

Importante ressaltar que o indivíduo pode receber a vacina de febre amarela logo após a doação de sangue, sem necessitar nenhum intervalo entre a doação e a vacinação.

Prontidão

Com a experiência adquirida ao participar ativamente do enfrentamento do surto de febre amarela em 2017, a Fundação Hemominas se preparou para a situação de emergência atual, implementando medidas para garantir que os estoques de sangue sejam suficientes para atender a população atingida pela doença no estado. São elas: aumento da coleta de sangue nas suas Unidades Regionais; início da campanha para doação de sangue antes da vacinação; incremento do envio de hemocomponentes de suas Unidades Regionais para o hemocentro de Belo Horizonte, cidade que concentra o maior número de casos graves; alinhamento do atendimento do hemocentro de Belo Horizonte ao do Hospital Eduardo de Menezes, referência para os casos graves de febre amarela; colaboração com a equipe médica do Hospital Eduardo de Menezes quanto a elaboração do protocolo transfusional relativo à febre amarela.

A exemplo do que foi feito em 2017, a Fundação Hemominas monitora diariamente as notificações de casos de febre amarela no estado e faz a adequação e o manejo dos seus estoques para seguir atendendo, com eficiência e segurança, à demanda de suporte hemoterápico dos seus hospitais contratantes.

Quem pode doar

• Pessoas entre 16 e 69 anos. Mas, atenção: se o candidato à doação de sangue tem entre 16 e 17 anos ou mais de 60 anos, é importante conhecer as Normas e documentos necessários e específicos para doação de sangue. Os demais critérios são válidos para todos.
• Quem tem e está com boa saúde;
• Quem pesa acima de 50 kg;
• Quem dorme bem na noite anterior à doação;
• Mulheres, mesmo se menstruadas ou em uso de anticoncepcionais.
• Pessoas ainda não vacinadas ou vacinadas para febre amarela há mais de 30 dias.

Quem não pode doar

 • Quem teve hepatite após os 11 anos de idade, exceto se tiver comprovação laboratorial da época de que se tratou da hepatite A (IgM positiva).
• Quem tem exposição a situações de risco acrescido para doenças sexualmente transmissíveis nos últimos 12 meses;
• Quem teve gripe, resfriado ou diarreia nos sete dias anteriores à doação;
• Quem ingeriu bebida alcoólica nas últimas 12 horas anteriores à doação;
• Quem já usou alguma vez drogas injetáveis;
• Quem apresenta ferimento ainda não cicatrizado;
• Quem estiver grávida ou em período de amamentação; após o parto normal, é necessário aguardar três (3) meses, e após cesárea, seis (6) meses;
• Quem fez qualquer exame ou procedimento endoscópico nos últimos seis (6) meses;
• Quem fez cirurgia por laparoscopia nos últimos seis (6) meses;
• Quem fez tatuagem nos últimos 12 meses;
• Quem fez tratamento dentário recente (a pessoa pode ser impedida de doar por um período de 1 a 30 dias, conforme o caso).
•Quem fez piercing nos últimos 12 meses anteriores à doação. Piercing localizado em área genital ou na boca, somente poderá ser liberada a doação após 12 meses da sua retirada.
• Pessoas vacinadas contra febre amarela há menos de 30 dias.

Para doar sangue

Para sua comodidade, a doação pode ser agendada online, pelo aplicativo MG app ou pelo telefone 155, opção 8. O call center recebe ligações das 7h às 21h, de segunda a sexta-feira; e aos sábados e domingos, das 7h às 19h.
Para informações sobre os critérios para doação de sangue e medula óssea, acesse nosso site ou ligue 155 – opção 8 (ligação gratuita).

Doe sangue. Um gesto de amor que multiplica vidas.