EaD-cuidado diferenciado para os pacientes com diagnóstico de doença falciforme

Nesta quarta-feira, 19 de agosto, foi realizado o lançamento do curso a distância “Capacitação em Doença Falciforme”, durante a 266ª reunião da CIB-SUS (Câmara de Intergestores Bipartite) do Estado de Minas Gerais.

O lançamento ocorreu no início da reunião, transmitida via Youtube pelo canal do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/MG), conduzido pela presidente da Hemominas, Júnia Cioffi, a diretora técnico-científica, Maísa Ribeiro, e a presidente da Dreminas, Maria Zenó.

Em sua fala, Júnia Cioffi ressaltou a importância do cuidado diferenciado para os pacientes com diagnóstico de doença falciforme: “Ficamos felizes em ter a oportunidade de lançar a capacitação nesta reunião da qual participam gestores que podem divulgá-la em seus municípios. É importante que os profissionais de saúde envolvidos com a atenção multidisciplinar aos pacientes do SUS possam fazer o curso e aprimorar o atendimento a essa população que precisa de um cuidado mais específico”, destacou.

A seguir, a diretora técnico-científica da Hemominas, Maísa Ribeiro, fez uma breve apresentação sobre a doença falciforme e sobre o curso disponível na plataforma de educação a distância (EaD), desenvolvido pela Hemominas em parceria com a Prodemge, SES e Dreminas. Ela destacou a relevância do trabalho da instituição, que além de captar doadores de sangue, possui uma rede ambulatorial extensa que atende pessoas com hemoglobinopatias e coagulopatias hereditárias.

“A doença falciforme é uma condição crônica que pode levar a complicações e quadros agudos graves, que se não forem abordados adequadamente, podem até levar o paciente a óbito. Por isso, é de extrema importância divulgar e capacitar o máximo possível todos os profissionais da área da saúde para que toda a cadeia esteja preparada para o atendimento”, explicou.

Maria Zenó, presidente da Dreminas (Associação de Pessoas com Doença Falciforme de Minas Gerais) e da Fenafal (Federação Nacional da Associações de Pessoas com Doença Falciforme), elogiou o trabalho feito pela Hemominas “A Fundação Hemominas é o SUS que queremos para todos os portadores de doença falciforme. Temos uma parceria muito grande com a instituição”. Referindo-se à importância da ação para os pacientes, ela salientou: “A forma de acolhimento e o tempo de atendimento no momento da urgência e emergência são essenciais para evitar os óbitos. Se o profissional conhece e sabe como lidar com as complicações trazidas pela doença, a mortalidade vai diminuir muito”, considerou.

“O lançamento desta plataforma, que vai capacitar profissionais de saúde para o melhor atendimento às pessoas com Doença Falciforme, é uma ação muito oportuna, no sentido de atingirmos a eficiência no atendimento de saúde à população de Minas Gerais”, disse o secretário de Estado Adjunto de Saúde, Marcelo Cabral. “Acredito que os resultados da capacitação vão impactar positivamente, levando mais humanização aos pacientes e a seus familiares”, complementou.

Presidente da Hemominas, Júnia Cioffi, e a diretora Maísa Ribeiro no lançamento do curso -  - Foto:SES
Presidente da Hemominas, Júnia Cioffi, e a diretora Maísa Ribeiro, da TEC, no lançamento do curso - Foto:Isabela Muradas

Capacitação

A “Capacitação em Doença Falciforme” é destinada a todos os profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas), além de educadores, reguladores das centrais de internação, coordenadores de urgência, SAMU, hospitais privados e públicos.

Desenvolvida na plataforma Educação a Distância, a capacitação foi elaborada por profissionais da Fundação Hemominas que atuam diretamente no tratamento ambulatorial desses pacientes e embasada nos protocolos de atendimento do Ministério da Saúde e da própria Fundação.

Para a hematologista Patrícia Cardoso, coordenadora da Capacitação e assessora técnica dos ambulatórios da Fundação Hemominas, o curso é de grande relevância para todos os envolvidos no processo: “É fundamental que o profissional de saúde identifique  essas complicações,  conheça as  medidas iniciais do primeiro atendimento dessas intercorrências, trate precocemente e faça o encaminhamento aos serviços de urgência de referência de seu município, conforme fluxo de pactuação do SUS; que o regulador do fluxo das centrais de internação hospitalar reconheça a necessidade de internação o mais rápido possível para o paciente com a doença falciforme que esteja com sinais e sintomas de alerta”. 

Nesse sentido, ela considera: “É importante criar a vaga zero, ou seja, aquele paciente com doença falciforme que apresenta uma complicação grave, como infecção, pneumonia, síndrome torácica aguda, acidente vascular isquêmico, agravamento da anemia, priaprismo e outras, deve ser encaminhado logo para o hospital de referência e que a sua transferência não seja demorada, a fim de não agravar seu quadro clínico”. Ela ressalta, ainda, que a descentralização da atenção para as unidades mais acessíveis passou a ser uma necessidade da pessoa com DF, com estreita integração de todos os níveis organizacional do SUS, para garantir a integralidade mais eficaz ao seu tratamento.

O curso acontecerá na plataforma EAD da Fundação Hemominas, pelo endereço http://ead.hemominas.mg.gov.br/, com duração de 15 horas. Os interessados terão o prazo de 20/08/2020 a 20/09/2020 para efetivar a inscrição no ambiente virtual e concluir a capacitação gratuitamente. Ao final, será emitido certificado ao participante. Informações pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Hematologista Patrícia Cardoso:a DF causa grande impacto em toda a família e precisa ser bem conhecida pelos serviços de saúde
Hematologista Patrícia Cardoso:a DF causa grande impacto em toda a família e precisa ser bem conhecida pelos serviços de saúde - Foto: Adair Gomez

Atenção e cuidados

Segundo Patrícia Cardoso, a doença falciforme (DF) é a hemoglobinopatia mais frequente no mundo e representa uma das principais patologias genéticas no Brasil. Ela informa que a estimativa mais recente do Ministério da Saúde aponta cerca de 100.000 pacientes no território nacional. De acordo com os dados do Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PETN-MG), a incidência para a DF é de 1:1.400 nascimentos, e para o traço falciforme, de 1:30.

Por se tratar de uma enfermidade hereditária de curso crônico, a DF causa grande impacto em toda a família e precisa ser bem conhecida pelos serviços de saúde. A abordagem adequada depende da colaboração da equipe multiprofissional, da participação da família e da comunidade. Assim, um programa voltado para as pessoas com DF deve buscar a integralidade das ações de saúde e incluir outras áreas, como a educação, o trabalho, a previdência e a assistência sociais, além da capacitação permanente dos profissionais. Dados do Ministério da Saúde mostram que a letalidade da DF é de 80% aos 8 anos de idade, quando as crianças não são inseridas em programa específico de acompanhamento. Dessa forma, para garantir a integralidade do cuidado, todas as instâncias da rede pública de saúde (primária, secundária e terciária) devem estar envolvidas.

O modelo de saúde vigente em Minas é organizado na perspectiva de Redes de Atenção à Saúde (RAS) e reforça a Unidade Básica de Saúde (UBS) como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), as UPAS (Unidades de Pronto Atendimentos) e serviços hospitalares, incluindo de média e alta complexidade, como referência para as intercorrências, a rede integrada de urgência e emergência.

Atendimento ambulatorial

A Fundação Hemominas oferece atendimento multidisciplinar aos mais de 7 mil pacientes de hemoglobinopatias, como a doença falciforme, em todo o Estado.  Att.
A Fundação Hemominas oferece atendimento multidisciplinar aos mais de 7 mil pacientes de hemoglobinopatias, como a doença falciforme, em todo o estado -.Foto: Adair Gomez

Na Fundação Hemominas estão cadastrados cerca de 7.500 pacientes com hemoglobinopatias, atendidos em uma das 11 unidades que fazem o acompanhamento hematológico

Chamando a atenção para a gravidade do mal, a doutora Patrícia esclarece que pacientes com doença falciforme apresentam muitas complicações agudas, com grande morbimortalidade, sendo necessário que todos os profissionais de saúde reconheçam tais complicações de forma precoce e façam o encaminhamento para o serviço de referência de seu município capacitado para atendê-los, de forma mais efetiva e prontamente. “Pacientes que apresentam essas complicações agudas deverão ser encaminhados precocemente para hospitais de referência, por isso, é fundamental o treinamento nessas complicações, um serviço de hemoterapia de qualidade, caso seja necessário realizar transfusões de sangue simples ou exsanguineo-transfusões (transfusões de troca), conforme quadro clínico e laboratorial”, conclui ela.

O atendimento ambulatorial na Fundação ocorre durante o período de funcionamento das unidades, com consultas agendadas. O serviço ambulatorial externo é responsabilidade da rede hospitalar, estabelecida conforme fluxo do SUS dos municípios. Para orientações aos profissionais de saúde, em caso de dúvidas, ou para discutir o atendimento ao paciente, a Fundação Hemominas disponibiliza um telefone institucional de plantão médico de sobreaviso que pode ser acessado tanto nos períodos de atendimento presencial quanto fora deles.

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social